Os programas de tevê já anunciam e, por incrível que pareça, as escolas também: vem aí o Dia das Bruxas! Halloween no Brasil? Só se for das “bruxas e bruxos”do marketing que sempre inventam alguma coisa para faturar e, no caso, uma gorda receita, vendendo bugigangas, doces e mais porcarias para nossas crianças.
No ano passado, nesta mesma coluna, tive oportunidade de abordar o assunto. Fazendo uma pesquisa de campo, pude perceber que o tal dia das bruxas, famoso nos Estados Unidos, já se instalara entre nós, alegre (ou macabra) e impunemente.
Ignácio Ramonet, no livro Guerras do Século XXI (Petrópolis:Vozes,2003), diz que o novo sistema de controle dos grandes países poderosos não é mais o de territórios, mas o de mercados. Aliás, são as grandes corporações que controlam as forças internas desses países desenvolvidos pela via do mercado, de modo que as grandes corporações e os países visam por esse meio (o do mercado) o controle dos mercados (e das sociedades) do mundo inteiro.
Essa forma de domínio, no final do século XX e início do XXI passou a se imiscuir em praticamente todas as atividades humanas. Certos campos, sempre estiveram mais ou menos imunes em relação a seus métodos. No entanto, mesmo essas áreas já passaram a fazer parte não só do próprio mercado como passaram a funcionar utilizando o mesmo instrumental. Veja-se, por exemplo, uma área tradicionalmente imune como o esporte.
Atualmente, nessa área tanto na profissional como na chamada “amadora” já é utilizado do mesmo modo de produção em massa e homogeinizado, com as mesmas táticas de marketing e publicidade, os mesmo processos financeiros, etc. Os jogadores de futebol são já produzidos em série nas escolas de futebol; esses jogadores tem preço cotado no mercado futebolístico com lances típicos de mercado financeiro desde a mais tenra idade etc.
O esporte amador foi incorporado pelas grandes corporações. Nas camisas dos jogadores de vôlei, por exemplo, é possível ver estampada a marca de produtos. É o jogo do Banco BB contra a Fabrica de produtos alimentícios N. Nas arquibancadas, o público previamente preparado com camisetas coloridas da cor do banco e da indústria pula e torce. Serão eles torcedores, consumidores ou operários?.
Por que digo tudo isso? Para que possamos entender ao menos um pouco, nesse pequeno espaço, a questão do Halloween no Brasil.
O que, afinal de contas, as crianças brasileiras têm a ver com essa festa pagã? Nada. Trata-se de uma importação sem qualquer fundamento ou justificativa local. É apenas algo que o mercado deseja. Para se ter uma idéia do que está em jogo, nos Estados Unidos, a festa do terror, das bruxas e dos fantasmas já se tornou o segundo maior momento de faturamento do mercado, perdendo apenas para o Natal.
No ano passado, no fim de outubro, tive a seguinte experiência: estava na casa de amigos, quando bateram à porta crianças fantasiadas de bruxas, caveiras, duendes e o que o valha. A porta foi aberta e eles disseram: “travessuras ou gostosuras”. E lá foi meu amigo entregar saquinhos que tinha previamente preparado com doces, balas e chocolates. E depois daquelas crianças vieram muitas outras.
Se ainda existisse algum significado simbólico ou ritualístico na festa vá lá. Mas, nem as crianças-vítimas ou seus pais sabem do que se trata. É apenas um momento de gasto inútil de dinheiro em fantasias, doces e gorduras, contribuindo para cáries e a obesidade infantil. Afora o fato de que, as crianças saem sozinhas batendo na casa de desconhecidos e podem ingerir doces de origem duvidosa. (Torço para que nenhuma criança entenda o significado do que fala e, quando não ganhar doces não resolva cumprir a promessa de fazer, de fato, travessuras na casa de desconhecidos, pois o resultado pode ser catastrófico).
Cada vez mais a cultura (e a sociedade brasileira) vai cedendo espaço ao que não nos pertence e vamos artificialmente preenchendo nossos espaços com tradições dos outros e que, nesse caso, sequer é algo relevante, pois se trata de uma evidente imposição do mercado que, como já disse, só pensa em faturar, nem que para isso deva inventar arranjos obscuros como esses.
Acontece que, aqueles que atuam no mercado são espertos o suficiente para entender um pouco a alma do consumidor e acabam descobrindo a necessidade de preencher os espaços existente no lar, no convívio doméstico, na relação entre pais e filhos e oferecem, com essa estranha “comemoração” mais uma boa desculpa de ocupação desse tempo, que fica, como quase sempre intermediado pelo dinheiro gasto.
É. Parece inexorável. Nós consumidores brasileiros, catequizados, como macacos imitadores, não conseguimos sair dessa condição. É o consumismo enlatado e alienante, esteja ou não de acordo com nossas tradições e nossas leis.
No ano passado, nesta mesma coluna, tive oportunidade de abordar o assunto. Fazendo uma pesquisa de campo, pude perceber que o tal dia das bruxas, famoso nos Estados Unidos, já se instalara entre nós, alegre (ou macabra) e impunemente.
Ignácio Ramonet, no livro Guerras do Século XXI (Petrópolis:Vozes,2003), diz que o novo sistema de controle dos grandes países poderosos não é mais o de territórios, mas o de mercados. Aliás, são as grandes corporações que controlam as forças internas desses países desenvolvidos pela via do mercado, de modo que as grandes corporações e os países visam por esse meio (o do mercado) o controle dos mercados (e das sociedades) do mundo inteiro.
Essa forma de domínio, no final do século XX e início do XXI passou a se imiscuir em praticamente todas as atividades humanas. Certos campos, sempre estiveram mais ou menos imunes em relação a seus métodos. No entanto, mesmo essas áreas já passaram a fazer parte não só do próprio mercado como passaram a funcionar utilizando o mesmo instrumental. Veja-se, por exemplo, uma área tradicionalmente imune como o esporte.
Atualmente, nessa área tanto na profissional como na chamada “amadora” já é utilizado do mesmo modo de produção em massa e homogeinizado, com as mesmas táticas de marketing e publicidade, os mesmo processos financeiros, etc. Os jogadores de futebol são já produzidos em série nas escolas de futebol; esses jogadores tem preço cotado no mercado futebolístico com lances típicos de mercado financeiro desde a mais tenra idade etc.
O esporte amador foi incorporado pelas grandes corporações. Nas camisas dos jogadores de vôlei, por exemplo, é possível ver estampada a marca de produtos. É o jogo do Banco BB contra a Fabrica de produtos alimentícios N. Nas arquibancadas, o público previamente preparado com camisetas coloridas da cor do banco e da indústria pula e torce. Serão eles torcedores, consumidores ou operários?.
Por que digo tudo isso? Para que possamos entender ao menos um pouco, nesse pequeno espaço, a questão do Halloween no Brasil.
O que, afinal de contas, as crianças brasileiras têm a ver com essa festa pagã? Nada. Trata-se de uma importação sem qualquer fundamento ou justificativa local. É apenas algo que o mercado deseja. Para se ter uma idéia do que está em jogo, nos Estados Unidos, a festa do terror, das bruxas e dos fantasmas já se tornou o segundo maior momento de faturamento do mercado, perdendo apenas para o Natal.
No ano passado, no fim de outubro, tive a seguinte experiência: estava na casa de amigos, quando bateram à porta crianças fantasiadas de bruxas, caveiras, duendes e o que o valha. A porta foi aberta e eles disseram: “travessuras ou gostosuras”. E lá foi meu amigo entregar saquinhos que tinha previamente preparado com doces, balas e chocolates. E depois daquelas crianças vieram muitas outras.
Se ainda existisse algum significado simbólico ou ritualístico na festa vá lá. Mas, nem as crianças-vítimas ou seus pais sabem do que se trata. É apenas um momento de gasto inútil de dinheiro em fantasias, doces e gorduras, contribuindo para cáries e a obesidade infantil. Afora o fato de que, as crianças saem sozinhas batendo na casa de desconhecidos e podem ingerir doces de origem duvidosa. (Torço para que nenhuma criança entenda o significado do que fala e, quando não ganhar doces não resolva cumprir a promessa de fazer, de fato, travessuras na casa de desconhecidos, pois o resultado pode ser catastrófico).
Cada vez mais a cultura (e a sociedade brasileira) vai cedendo espaço ao que não nos pertence e vamos artificialmente preenchendo nossos espaços com tradições dos outros e que, nesse caso, sequer é algo relevante, pois se trata de uma evidente imposição do mercado que, como já disse, só pensa em faturar, nem que para isso deva inventar arranjos obscuros como esses.
Acontece que, aqueles que atuam no mercado são espertos o suficiente para entender um pouco a alma do consumidor e acabam descobrindo a necessidade de preencher os espaços existente no lar, no convívio doméstico, na relação entre pais e filhos e oferecem, com essa estranha “comemoração” mais uma boa desculpa de ocupação desse tempo, que fica, como quase sempre intermediado pelo dinheiro gasto.
É. Parece inexorável. Nós consumidores brasileiros, catequizados, como macacos imitadores, não conseguimos sair dessa condição. É o consumismo enlatado e alienante, esteja ou não de acordo com nossas tradições e nossas leis.
Por Rizzatto Nunes
Um comentário:
Exmo. sr. desembargador, eu gostaria de que vsa. exa. permita-me comentar o seu texto publicado no terra magazine entitulado "halloween: o controle e a alienação dos consumidores", tanto pelo meu lado como comunicólogo [bacharel em comunicação social, com habilitação em propaganda e marketing] quanto pelo meu lado pagão [entendendo como Paganismo as crenças pré-cristãs que existiam na Europa antes do Cristianismo].
Realmente o Brasil tem muitas datas "comerciais", a saber, carnaval, páscoa, dia das mães, dia dos pais, festas juninas, natal. a maior parte das festividades populares que são listadas tem algum vínculo com a religião Católica, destas, apenas o carnaval, as festas juninas, o dia de todos os santos e o natal tem uma raiz pagã, muito embora alguns cristão neguem. Nossa cultura tem essa característica, nós não somos fechados ao mundo, nós recebemos as mais diversas influências e essas festas acabam fazendo parte de nossa cultura popular. Se formos proibir o "halloween" simplesmente porque é "estrangeiro", teremos que proibir também, por exemplo, o Círio de Nazaré. Se tivermos que proibi-lo por ser uma exploração comercial teremos que proibir, por exemplo, o Natal.
O halloween pode ter sua origem vinda dos Estados Unidos, mas sua origem remonta às origens dos Pioneiros que fundaram este país, ao fugir da perseguição religiosa e da falta de liberdade de crença que havia na Inglaterra. A Inglaterra, ou a Velha Albion, celebra esta data, desde suas origens celtas, no que nós, Pagãos Modernos, nos juntamos para resgatar essa herança que vem da mesma origem que muitos de nós, Brasileiros, possuímos. Sim, exmo. sr. desembargador, nós somos brasileiros, mas também somos "estrangeiros", os legítimos Brasileiros são estes que são chamados de "Índios" e as crenças e, se formos levar a ferro e fogo que "as crianças brasileiras devem celebrar apenas festas brasileiras", os cultos deles deveriam ter mais preferência em nosso calendário do que, por exemplo, o dia de Nossa Senhora. Mas milhares de Católicos comemoram esta data, sem qualquer crise de consciência, sem qualquer pudor por ser uma festa "estrangeira" aos legítimos Brasileiros. O halloween pode ter sido transformado em mais um produto comercial, mas se vsa. exa. examinar as festas Católicas, estas também foram igualmente transformadas em produto comercial, nem por isso podemos proibir tais celebrações.
Eu prefiro, como brasileiro, como comunicólogo e como pagão, explicar o que significa esta data, como esta se mesclou e se tornou uma comemoração Cristã, como é lícito comemorarmos esta data da mesma forma que as demais, sem crises de consciência ou pruridos.
Que vsa. exa. tenha um bom Dia de Finados. Que os Brasileiros tenham um bom dia de Halloween. Que os Pagãos tenham um bom Sanhaim. Que todos possam comemorar, em paz.
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